Monday, December 1, 2008

Grupo 5

Segurança nas usinas de álcool
As usinas de álcool significam altos riscos ambientais, podendo causar danos irreversíveis ao ecossistema de uma região que é patrimônio da humanidade. A queima do bagaço de cana gera problemas gravíssimos. O vinhoto ainda está sendo testado para ver se o transformam em pó para ser utilizado como adubo. Mas não 100% dele. Trata-se de uma técnica experimental. E esse vinhoto para ser transformado em pó tem que sair das colunas ainda quentes, irem para um depósito, para depois ser processado. O risco é praticamente o mesmo.
Apesar da propaganda de "eficiência", a indústria de agroenergia está baseada na exploração de mão-de-obra barata e até mesmo escrava. Os trabalhadores são remunerados por quantidade de cana cortada e não por horas trabalhadas. No estado de São Paulo, maior produtor do país, a meta de cada trabalhador é cortar entre 10 e 15 toneladas de cana por dia.
Quanto ao corte da cana, trata-se de uma atividade extremamente pesada e dilapidadora, uma vez que, para lograr um bom desempenho, a cana precisa ser cortada ao rés-do-chão, exigindo a total curvatura do corpo. Depois que o trabalhador abraça as canas, são necessários vários golpes de facão, seguidos dos cortes dos ponteiros que contêm pouca sacarose e que, por isso, não são levados para a moagem. Em seguida, as canas são lançadas em montes – leiras – e, novamente, o ciclo é recomeçado. Além disso, quando as canas ainda estão com folhas, estas são retiradas pela perna esquerda do trabalhador, impondo-lhe mais um movimento. Recente pesquisa revela que em 10 minutos o trabalhador derruba 400 quilos de cana, desfere 131 golpes de podão e faz 138 inflexões, num ciclo de 5,6 segundos para cada ação. O trabalho é feito em temperaturas acima de 27 graus centígrados com muita fuligem no ar, e, ao final do dia, a pessoa terá ingerido mais de 7,8 litros de água, em média, desferido 3.792 golpes de podão e feito 3.994 flexões com rotação da coluna. A carga cardiovascular é alta, acima de 40%, e, em momentos de pico os batimentos cardíacos chegam a 200 por minuto. Este fato caracteriza o trabalho como extremamente árduo e estafante, pois exige um dispêndio de força e energia que, muitas vezes, os trabalhadores não possuem, tendo em vista o fato de serem extremamente pobres, senão doentes e subnutridos. Isto significa que ele não apenas anda 4.400 metros por dia, mas transporta, em seus braços, 6 toneladas de cana, com um peso equivalente a 15 kg, a uma distância que varia de 1,5 a 3 metros. Além de todo este dispêndio de energia, andando, golpeando, contorcendo-se, flexionando-se e carregando peso, o trabalhador sob o sol utiliza uma vestimenta composta de botina com biqueira de aço, perneiras de couro até o joelho, calças de brim, camisa de manga comprida com mangote, também de brim, luvas de raspa de couro, lenço no rosto e pescoço e chapéu, ou boné. Este dispêndio de energia sob o sol, com esta vestimenta, leva a que os trabalhadores suem abundantemente e percam muita água. Junto com o suor, perdem sais minerais, e a perda de água e sais minerais leva à desidratação e à freqüente ocorrência de câimbras. (ALVES, 2005)
A este cenário podemos acrescentar: o calor excessivo, pois a jornada de trabalho inicia-se às 7 horas e termina por volta das 17 horas; a fuligem, que é aspirada no momento do corte; a má alimentação; a violência simbólica existente no ambiente laboral, no sentido de considerar frouxo, fraco, aquele que não consegue atingir a produtividade (média) exigida, além da ameaça de perder o emprego, caso isso ocorra.
Outros trabalhos têm destacado que, em queimadas da palha da cana, a combustão incompleta resulta na formação de substâncias potencialmente tóxicas – tais como monóxido de carbono, amônia e metano, entre outros –, e que o material fino contendo micropartículas (PM10) é o poluente que apresenta maior toxidade. Tais partículas atingem as porções mais profundas do sistema respiratório, transpõem a barreira epitelial, atingem o interstício pulmonar e são responsáveis pelo desencadeamento de doenças graves (ARBEX et al., 2004; GODOI et al., 2004). Outro estudo (BOSSO et al., 2006) constatou que cortadores de cana nos canaviais paulistas apresentavam na urina, na época da colheita, substâncias que indicavam a presença de HPAs genotóxicos e mutagênicos. Segundo os autores, as condições de trabalho expõem os cortadores de cana a poluentes que levam ao risco potencial de adoecimento, principalmente por problemas respiratórios e câncer de pulmão.

Histórico de acidentes nas Usinas de Álcool

Em 2 de outubro de 2005, um tanque com mais de 450 mil litros de álcool anidro da Usina Carolo, de Pontal, na região de Ribeirão Preto, explodiu. O incidente foi causado por um raio, que atingiu o tanque. Cerca de cem homens, entre bombeiros e funcionários da empresa e de outras usinas, tentavam apagar as chamas e resfriar outros tanques. A preocupação era evitar que o fogo atingisse outros reservatórios de álcool, principalmente os de armazenamento, que possuem capacidade para 45 milhões de litros e que ficam a menos de cem metros do local da explosão. Morreram, segundo a assessoria da usina, o funcionário Alex Rodrigues, 26, e Clayton Camargo, 23, técnico da empresa SGS do Brasil Ltda., de São Paulo. Camargo fazia a medição de um tanque quando sua vareta foi atingida pelo raio. Os dois corpos foram arremessados a uma distância de dez metros. Eles foram socorridos, mas chegaram sem vida ao hospital. O funcionário Alfredo Caires Neto, 35, quebrou uma perna, mas não corre perigo. A usina informou que os pára-raios no local não foram suficientes para evitar a tragédia. Segundo o Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), as mortes poderiam ter sido evitadas com a consulta ao site, que indicava grande incidência de raios na região. Terminou às 7 horas, 03 de outubro, o incêndio no tanque de passagem que continha 450 mil litros de álcool anidro, da Usina Carolo, de Pontal. As chamas duraram por 21 horas, enquanto o álcool era consumido.
O caso de maior dimensão ocorreu em Ulianópolis (PA) onde foram libertadas no ano passado 1.064 trabalhadores na Usina Pagrisa. O relatório do MTE aponta servidão por dívidas, jornadas diárias de até 14 horas, falta de qualidade da água e da alimentação, falta de uso de equipamento de proteção, transporte inadequado, alojamentos superlotados, etc. Em junho de 2007, o Ministério do Trabalho resgatou 42 trabalhadores de uma usina do grupo Cosan, a maior do setor sucroalcooleiro, em Igarapava, São Paulo.

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